O papel do governo é cuidar das pessoas, diz Jorge Samek
Segundo o candidato a vice-governador,o Paraná e o Brasil pioraram nos últimos anose a democracia está em risco no país.
Candidato a vice-governador do Paraná, Jorge Samek (PT)concedeu entrevista nesta terça, 13, na série 2 em 1, do H2FOZ e Rádio Clube FM 100.9. Dirigente da Itaipu Binacional entre 2003 e 2017, nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ele concorre ao lado de Roberto Requião ao Palácio Iguaçu.
Samek afirmou que o Paraná e o Brasil pioraram, citando como problemas desde a fome e o desemprego à violência armada, e o que chamou de retrocessos nos direitos da população. Defendeu a necessidade de investimentos sociais e frisou que a democracia está em risco no país.
“Estamos assistindo de modo muito rápido à morte da democracia”, disse, ressaltando que Bolsonaro foi eleito seis vezes com urna eletrônica e agora questiona sua confiabilidade. “Queremos discutir bibliotecas e não clubes de tiro”, realçou.
“Temos dois Paraná”, avaliou o candidato, salientando que ocorre o aumento da desigualdade de renda. “Em cada esquina há pessoas pedindo esmola e comida, e uma outra fatia da sociedade acumulando riquezas.Não adianta ter o maior PIB e as pessoas passando fome, morando nas ruas”, salientou.
Nascido em Foz do Iguaçu, ele lembrou que seus pais chegaram à cidade nos anos 1940 e que guarda memórias da infância no município. Informou tersido necessário deixar o município para estudar, realidade que começou a mudar com a consolidação de um polo universitário.
Assista à entrevista.
“A convite do presidente Lula, assumi a Itaipu Binacional no intuito de ajudar também no desenvolvimento da região e não apenas produzir energia”, resgatou ele do período em que foi empossadona diretoria-geral brasileira da usina, em 2003. “Mudamos a visão e a missão da empresa”, enfatizou.
A miséria e a desigualdade aumentaram, e quem pode fazer a mediação para superar esses problemas é a gestão, destacou. “O papel do governo é cuidar das pessoas”, reforçou, completando ser obrigação do Estado equacionar as assimetrias na sociedade.
Samek citou o agronegócio como fator importante para o desenvolvimento e a relevância da agricultura familiar e orgânica, que, segundo ele, precisam de um outro olhar. “O agro precisa de porto, armazenamento, recursos no período de safra. E a outra precisa de assistência técnica, pesquisa e possibilitar que essa camada se desenvolva.”
Para Samek, a estrutura fundiária é o maior patrimônio do estado, que explica a existência de cooperativas fortes e a própria organização do Paraná. Afirmou que as pessoas recordam muitos programas de quando Roberto Requião foi governador.
“Todo mundo tem lembranças das marcas dos governos Requião, como Panela Cheia, Trator Solidário, Leite das Crianças, Irrigação da Madrugada, Tarifa Social, que marcaram a gestão”, elencou. “É fazer governo para quem mais precisa do governo”, observou.
“Se 50% da população é formada por negros e pardos, por qual motivo até hoje, com 67 anos, não me consultei com um deles? Precisamos de política de inclusão social. Dar oportunidade às pessoas”, sustentou.
“Estamos com déficit de 15 mil professores no Paraná, que não são efetivos, não podem ter plano de carreira”, comentou Samek.
Para o candidato, Requião conseguiu reverter resultados. “Sempre saiu atrás, mas na hora de abrir as urnas era o vencedor”, avaliou. Para ele, a população está começando a conhecer melhor as propostas e a vinculação da candidatura com Lula, que postula a Presidência da República pelo PT.
Questionado sobre o modelo de pedágio que a chapa defende, Samek reforçou que o compromisso de Requião é permitir a manutenção e apoio nas estradas, mas não com as tarifas que eram cobradas, as quais considera um verdadeiro assalto. “Isso prejudica a economia como um todo”, declarou. Para o candidato, o valor não pode ultrapassar R$ 5, e há o exemplo das estradas federais em que isso foi possível, como em Santa Catarina.
Perfil: Jorge Samek (PT) nasceu em 1956 em Foz do Iguaçu. É engenheiro agrônomo. Iniciou a militância política no movimento estudantil, atuando pela redemocratização do país.