7 de setembro de 2024

Foz registra aumento de 19% nos homicídios

Com 37 crimes no primeiro semestre, Foz registra aumento de 19% nos homicídios

O número de homicídios dolosos (quando há intensão de matar) cresceram no primeiro semestre deste ano em Foz do Iguaçu. De janeiro a junho a cidade registrou 37 crimes, 19% a mais do que no mesmo período de 2021, quando foram contabilizadas 30 mortes violentas. 


O levantamento, realizado pelo Centro de Análise, Planejamento e Estatística da Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp), aponta que a maior parte dos crimes foi motivada por vingança. Em segundo lugar aparecem os casos ligados à usuários de drogas e em terceiro situações passionais. 


As mortes por arma de fogo são as mais comuns, tendo sido contabilizadas 26 ocorrências nos últimos seis meses. Oito mortes foram causadas por arma branca (facas, facões, e outros objetos cortantes). Das 37 vítimas no semestre, 31 eram homens, sendo que a maioria tinha idades entre 18 e 29 anos.  


Dentre os casos que chamaram a atenção, está a morte de uma idosa de 63 anos. O crime ocorreu em janeiro, no bairro Vila Cláudia, e o autor foi o próprio marido da vítima, que tentou suicídio. A vítima foi morta com vários golpes de faca. O que mais chocou a população foi o fato de o assassinato ter ocorrido dentro de uma igreja, tendo sido motivado por ciúmes. 


Outra situação, em março, resultou na morte de um vendedor de carros de 59 anos. O crime ocorreu no Jardim Panorama. A vítima estava trabalhando quando foi surpreendida pelo atirador. Depois de efetuar os disparos o suspeito fugiu em uma motocicleta. 


O assassinato de um cadeirante, registrado em abril, foi outro caso que ganhou repercussão. A vítima tinha  27 anos e foi executada com dois tiros na cabeça. O crime ocorreu na região do bairro Beverly Falls Park. O jovem tinha passagem por tráfico de entorpecentes. 


O ranking de bairros com o maior índice de homicídios é liderado pelo Campos do Iguaçu. Na sequência aparecem Portal, Jardim Panorama e Três Lagoas. Os meses de abril e maio foram os mais críticos, contabilizando juntos 16 crimes. Conforme os dados da Sesp, o primeiro semestre de 2022 foi o segundo mais violento desde 2019, perdendo apenas para o ano de 2020, quando foram registrados 43 ocorrências. 

Destaque negativo
Em 2021 Foz registrou um total de 63 homicídios dolosos, com isso a cidade acabou sendo a quarta colocada entre os municípios mais violentos do Paraná, atrás apenas de Curitiba, com 218 casos; Ponta Grossa, com 73; e Paranaguá, com 79. 


Em todo o estado, mil pessoas foram assassinadas nos seis primeiros meses deste ano. O número inclui mortes por homicídio doloso, lesão corporal e roubo seguido de assassinato (latrocínio) e representam estabilidade, na comparação com o mesmo período do ano anterior.


Para se ter uma ideia, o número de assassinatos registrados caiu 0,79% na comparação com o primeiro semestre de 2021, quando houve 1.008 mortes violentas. Dos casos de 2022, apenas 49% foram elucidados até o momento, segundo pesquisa do Instituto Sou da Paz.


Índice de elucidação de homicídios no país é de apenas 37%
Apenas 37% dos homicídios praticados no Brasil em 2019, último ano com dados disponíveis, foram esclarecidos. O índice, que era de 44% em 2018, é da pesquisa Onde Mora a Impunidade, do Instituto Sou da Paz. O estudo considera como homicídio esclarecido o caso no qual ao menos um agressor foi denunciado pelo Ministério Público no ano em que ocorreu ou no ano seguinte.


A pesquisa ressalta que o Estudo Global Sobre Homicídios, da Organização das Nações Unidas (ONU), com dados de 2019, mostra que a média global de esclarecimento de homicídios é de 63%. Na Europa é 92%; Oceania, 74%; Ásia, 72%; África, 52%; e Américas, 43%. O critério utilizado foi a capacidade das instituições policiais de identificar pelo menos um suspeito do crime.
“Sabemos que nosso sistema de segurança pública e de justiça criminal ainda foca muitos esforços nos crimes patrimoniais e em outros sem violência, impulsionando prisões provisórias que lotam o já saturado sistema prisional.

É preciso dirigir os esforços e os investimentos, sobretudo, para a investigação e esclarecimento dos crimes contra a vida, onde, de fato, mora a impunidade”, destacou a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo.

G Dia