7 de agosto de 2025

Comunidades Avá-guarani são assentadas em área comprada com recursos da Itaipu

AVÁ GUARANI

Sessenta famílias de três comunidades indígenas da etnia Avá-guarani estão sendo assentadas em uma área de 220 hectares adquirida com recursos da Itaipu Binacional. Das comunidades, duas já viviam no local e outra será deslocada cerca de 2 km até a Fazenda Brilhante, localizada no município de Terra Roxa (PR). A regularização das terras põe fim aos conflitos na região.

Até o final de agosto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve avaliar mais 22 áreas selecionadas pelos indígenas para eventual compra. O objetivo é que sejam adquiridos 3 mil hectares de terras, com recursos de R$ 240 milhões da Itaipu, e repassados às famílias indígenas.

Para o diretor jurídico da Itaipu, Luiz Fernando Delazari, o acordo foi fundamental não só para resolver o impasse processual, mas, principalmente, para acelerar as ações de reparação aos povos originários. “Estamos aguardando as negociações dos órgãos públicos para podermos cumprir nossos compromissos com os povos originários”, afirmou o diretor.

“Esse é apenas o primeiro passo em busca da reparação histórica junto as comunidades Avá-guarani do Oeste do Paraná”, contribuiu o gestor do Programa de Sustentabilidade Indígena da Itaipu, Paulo Porto. “Nossa expectativa é concluir a aquisição de terras e, na sequência, iniciar as benfeitoras junto aos demais entes do Governo Federal. Estamos felizes por cumprir esta entrega histórica.”

Segundo ele, após a entrega das áreas, Itaipu vai continuar o atendimento às comunidades por meio de um convênio com o Projeto Opaná: Chão Indígena. O objetivo é levar segurança alimentar de base agroecológica, dar acesso à água e à educação antirracista junto às comunidades indígenas de Guaíra, Terra Roxa, Santa Helena, Itaipulândia, Pontal do Paraná, Paranaguá, Antonina, Guaraqueçaba, Morretes e Piraquara.

Compra de terras

As terras compradas são registradas em nome da União, com usufruto exclusivo às comunidades indígenas. O acordo envolve o Ministério dos Povos Indígenas, Ministério Público Federal (MPF), Comunidades Indígenas Avá-Guarani da região Oeste do Paraná, União, Advocacia Geral da União (AGU), Incra, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Comissão Nacional de Soluções Fundiárias do Conselho Nacional de Justiça, além da própria Itaipu. O documento foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As 60 famílias vão viver em uma área de 220 hectares localizada em Terra Roxa, no Oeste do Paraná. No total, serão adquiridos 3 mil hectares de terra na região

O acordo foi feito no âmbito do Procedimento de Resolução de Controvérsia aberto na Câmara de Mediação e de Conciliação, da Administração Pública Federal, e da Ação Civil Originária (ACO) 3.555, movida pela AGU e que tramita no STF. A ação pede a reparação por violações a direitos humanos e fundamentais das comunidades indígenas afetadas pela formação do reservatório da usina, em 1982.