Balanço Ético Global faz 1°diálogo para participação social na COP30

Foi realizado nesta terça-feira (24), no Reino Unido, o primeiro diálogo do Balanço Ético Global (BEG), a iniciativa de participação social nas negociações climáticas para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que vai ocorrer em novembro, em Belém. O encontro se deu durante a Semana de Ação Climática de Londres e foi o primeiro de seis, que ocorrerão em cada um dos continentes do planeta.
“Nós precisamos ouvir algumas vozes que não foram ouvidas o suficiente durante a nossa preparação para o enfrentamento às mudanças climáticas” destacou o presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
Participaram cerca de 40 convidados de diferentes camadas da sociedade, entre mulheres, jovens, lideranças religiosas, povos indígenas, afrodescendentes, economistas e cientistas. No encontro, foram debatidos os acordos climáticos de triplicar energia renovável, duplicar eficiência energética, fazer a transição para o fim do desmatamento e do uso dos combustíveis fósseis, além de enfrentar o problema de perdas e danos nas populações e locais.
“É uma possibilidade de fazer perguntas e trazer questões inconvenientes para criar constrangimento ético para empresas, governos, diferentes segmentos da sociedade e até para cada um de nós, como indivíduos, para refletirmos sobre se o que estamos fazendo está coerente com as decisões que já tomamos e com o enfrentamento da mudança do clima”, destacou Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil.
O BEG é o quarto ciclo para mobilizar um mutirão com participação ampla na condução das negociações climáticas, de forma que resultem na implementação de ações do que já foram acordadas. Os outros três ciclos são o dos presidentes das COP anteriores desde Paris, em 2015; o dos ministros das Finanças; e o dos povos, que reúne as comunidades locais.
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Comunidade
O diálogo em Londres foi o encontro das populações do continente europeu e teve como facilitadora a ex-presidente da Irlanda e referência na luta por justiça climática, Mary Robinson. Após os debates, ela destacou a força das comunidades para trazer mais esperança e justiça no processo de transformação.
“Eu ouvi muito sobre a necessidade de reconstruirmos comunidades, uma vez que as comunidades são a base de nossas relações. Há uma linda palavra em Português para essa proposta: “mutirão”. É ‘meitheal’ em irlandês, ‘ubunto’ para os africanos. É dar relevância às relações humanas baseadas de forma profunda nos direitos humanos”, ressaltou Mary Robinson.
Cada diálogo produzirá um relatório regional com as contribuições debatidas, para gerar um documento final que servirá como contribuição externa para as negociações climáticas em Belém, na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
“Teremos um grande aporte de ideias e propostas que atravessarão as negociações e as tomadas de decisão, com um olhar da ética. Não se sobrepondo, mas tornando mais acessível a técnica da negociação, porque já extrapolamos todos os tempos e, agora, só resta uma palavra de ordem: implementação”, concluiu Marina Silva.